quarta-feira, 6 de abril de 2016
quarta-feira, 23 de março de 2016
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Artigo de Opinião: "O BE assusta o PS/Açores"
O sistema partidário açoriano está congelado desde 2008. O sistema caracteriza-se pela existência de uma quase imutável maioria absoluta do partido governamental e pela presença, no Parlamento, das mesmas seis forças políticas, ao longo das duas últimas legislaturas.
A alteração à lei eleitoral, que consagrou a criação do círculo eleitoral de compensação, permitiu a entrada da extrema-esquerda açoriana (PCP e BE) no Parlamento dos Açores. No entanto, e ao contrário do que sucede a nível nacional, o PCP e o BE têm aqui uma dimensão parlamentar residual (apenas um deputado para cada uma destas forças políticas).
A direita parlamentar mantém, relativamente inalterada, a sua representatividade histórica no Parlamento dos Açores (desde o início da hegemonia parlamentar do PS). A presença do PPM no Parlamento constitui a única novidade no âmbito desta área política (trata-se, no entanto, de uma situação até agora muito localizada, ligada à realidade muito específica da ilha do Corvo).
No entanto, algo começou a mexer-se no âmbito deste sistema partidário até agora petrificado. O Bloco de Esquerda conseguiu um resultado fabuloso nas últimas eleições para a Assembleia da República, em especial junto do eleitorado mais jovem e urbano. Em consequência deste último facto, as campainhas de alarme começaram a tocar freneticamente nos centros de poder do partido governamental.
O líder parlamentar do Partido Socialista na Assembleia Legislativa, o inefável e sonolento Berto Messias, entrou em pânico e o Presidente do Governo Regional perdeu, no último plenário parlamentar, a compostura no debate político com a líder do Bloco de Esquerda, Zuraida Soares.
É certo que é difícil manter a calma perante o cenário apocalíptico que a líder do Bloco de Esquerda “pintou” a propósito da criação da zona económica especial da Praia da Vitória. A Zuraida atirou-se ao Governo com tudo o que tinha à mão: máfias russas, barões da droga mexicanos e Sodoma e Gomorra. Por momentos cheguei a pensar que o Sean Penn, o entrevistador de vilões, estava a ponderar deslocar-se aos Açores para entrevistar o Sérgio Ávila, o autor intelectual da zona económica especial.
Apesar de tudo isto, Vasco Cordeiro tem obrigação de saber que constitui um erro político crasso responder a uma senhora, ainda por cima com a aparência de uma avó adorável e angelical, com o nível de agressividade que exibiu. E não é a primeira vez.
A questão é mais complexa do que parece. O Bloco de Esquerda está a crescer e o PS/Açores não sabe o que deve fazer para estancar a captura de eleitorado que o BE lhe está a infligir. Noutros tempos, o PS recuperava esse eleitorado nas eleições regionais, agitando levemente o velho e escarnecido, mas apesar de tudo eficaz, fantasma do voto útil. Mas isso acabou-se.
O outrora assustadiço eleitorado da extrema-esquerda açoriana já sabe que depois de António Costa ter, de acordo com a sua própria visão épica, derrubado o Muro de Berlim que separava as esquerdas portuguesas, o importante é que a soma das esquerdas supere a soma das direitas. Ou seja, o PS/Açores já tem o seu próprio CDS/PP.
Diga-se, em abono da verdade, que Vasco Cordeiro teve o discernimento de ver a coisa vir. O homem já sabia que as “favas da geringonça” lhe estavam reservadas. Ele sabia que a inovadora arquitetura nacional da maioria parlamentar de esquerda criaria um grave precedente na política nacional e regional: a inutilização dos mecanismos mentais e coercivos do voto útil.
É por isso que ainda ensaiou o rebuscado número do polícia bom, defendendo que quem deve governar é o partido ou a coligação que ganhou as eleições. O Calvário era longo e Vasco Cordeiro deixou-se ficar logo na Primeira Estação. Caminho moralmente inutilizado para outubro.
A verdade é que a maioria eleitoral do PS/Açores tem uma natureza claramente peronista. Junta uma legião de descamisados dependentes do regime, a uma parte significativa da função pública regional, sempre muito desconfiada dos partidos da direita. Para estes setores, afugentado o papão da imperiosa necessidade de obter uma vitória relativa do PS em relação ao PSD, o BE é muito mais “fixe”. É por isto que o Vasco Cordeiro anda irritado.
(artigo publicado no jornal Açoriano Oriental de 26/01/2016)
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
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