Prepara-se para votar contra a proposta de personalidades e instituições a homenagear no Dia dos Açores. Quais são as suas razões?
As minhas razões são simples: Não concordo e não pactuo com a forma como o PS instrumentaliza as insígnias honoríficas açorianas, colocando os outros partidos perante a política do facto consumado. Não concordo com a colagem das condecorações à conjuntura político-partidária, facto que o ano passado ficou bem patente no âmbito das comemorações dos 100 anos da República. Finalmente, não concordo com a enorme vulgarização em que se está a cair no âmbito da atribuição das insígnias honoríficas açorianas. Se isto continuar assim, não estará muito longe o dia em que o campeão de berlinde do Alto das Covas também será candidato a receber uma insígnia honorífica.
Começa a fazer sentido, nestes dias dos Açores, a expressão "Foge cão que te fazem barão"?
Completamente! O pior é que não existe muita margem de independência e de liberdade nos Açores para recusar as condecorações socialistas. Pelo que continua atual a segunda parte da expressão de Almeida Garrett: "Para onde, se me fazem visconde?"
Há quem defenda que todo o modelo de comemoração do Dia dos Açores tem que ser revisto. Concorda?
Sim! Transformou-se a Comemoração do Dia dos Açores numa espécie de dia do beija-mão ao Presidente do Governo Regional. A sociedade civil quase não participa no evento. Tudo é planeado no âmbito do maior secretismo, repetindo enfadonhos números palacianos e discursos bolorentos. Uma comemoração que deveria ser uma grande festa do Povo Açoriano foi transformada, pelo atual Governo Regional, numa espécie de comício sectário. O próprio Presidente do Governo Regional tem aproveitado o dia para atacar a oposição política regional e afunilar o discurso na descrição, hiperbolicamente romanceada, dos grandes feitos governamentais. No fundo, o Povo Açoriano é o grande ausente do Dia dos Açores.
Concorda que deve ser encontrado um novo modelo para prestar homenagem (não só no dia dos Açores) a pessoas e instituições na Região, eventualmente com o objetivo de prestigiar mais tais distinções. Quais seriam as traves mestras desse modelo?
Considero que é, de facto, urgente alterar o presente modelo. Em primeiro lugar, devemos varrer os partidos políticos e também o Governo Regional (dado o seu evidente sectarismo e fundamentalismo partidário) deste processo. A partir daí, deveríamos criar uma instituição - não profissionalizada e funcionando numa lógica de absoluto voluntariado, embora com o apoio logístico dos serviços já instalados da administração regional - responsável pela atribuição das insígnias honoríficas açorianas. O júri desta instituição - responsável pela atribuição das insígnias - seria constituído por personalidades açorianas de reconhecido mérito académico e cívico. A escolha dos agraciados seria antecedida de um trabalho de pesquisa rigoroso e isento sobre as instituições e personalidades açorianas mais relevantes (em número mais reduzido que no atual modelo).
As minhas razões são simples: Não concordo e não pactuo com a forma como o PS instrumentaliza as insígnias honoríficas açorianas, colocando os outros partidos perante a política do facto consumado. Não concordo com a colagem das condecorações à conjuntura político-partidária, facto que o ano passado ficou bem patente no âmbito das comemorações dos 100 anos da República. Finalmente, não concordo com a enorme vulgarização em que se está a cair no âmbito da atribuição das insígnias honoríficas açorianas. Se isto continuar assim, não estará muito longe o dia em que o campeão de berlinde do Alto das Covas também será candidato a receber uma insígnia honorífica.
Começa a fazer sentido, nestes dias dos Açores, a expressão "Foge cão que te fazem barão"?
Completamente! O pior é que não existe muita margem de independência e de liberdade nos Açores para recusar as condecorações socialistas. Pelo que continua atual a segunda parte da expressão de Almeida Garrett: "Para onde, se me fazem visconde?"
Há quem defenda que todo o modelo de comemoração do Dia dos Açores tem que ser revisto. Concorda?
Sim! Transformou-se a Comemoração do Dia dos Açores numa espécie de dia do beija-mão ao Presidente do Governo Regional. A sociedade civil quase não participa no evento. Tudo é planeado no âmbito do maior secretismo, repetindo enfadonhos números palacianos e discursos bolorentos. Uma comemoração que deveria ser uma grande festa do Povo Açoriano foi transformada, pelo atual Governo Regional, numa espécie de comício sectário. O próprio Presidente do Governo Regional tem aproveitado o dia para atacar a oposição política regional e afunilar o discurso na descrição, hiperbolicamente romanceada, dos grandes feitos governamentais. No fundo, o Povo Açoriano é o grande ausente do Dia dos Açores.
Concorda que deve ser encontrado um novo modelo para prestar homenagem (não só no dia dos Açores) a pessoas e instituições na Região, eventualmente com o objetivo de prestigiar mais tais distinções. Quais seriam as traves mestras desse modelo?
Considero que é, de facto, urgente alterar o presente modelo. Em primeiro lugar, devemos varrer os partidos políticos e também o Governo Regional (dado o seu evidente sectarismo e fundamentalismo partidário) deste processo. A partir daí, deveríamos criar uma instituição - não profissionalizada e funcionando numa lógica de absoluto voluntariado, embora com o apoio logístico dos serviços já instalados da administração regional - responsável pela atribuição das insígnias honoríficas açorianas. O júri desta instituição - responsável pela atribuição das insígnias - seria constituído por personalidades açorianas de reconhecido mérito académico e cívico. A escolha dos agraciados seria antecedida de um trabalho de pesquisa rigoroso e isento sobre as instituições e personalidades açorianas mais relevantes (em número mais reduzido que no atual modelo).
Diário Insular