A nossa primeira constatação – não significando, da nossa parte, qualquer tentativa de interferência no trabalho jornalístico dos dois profissionais em causa – é que a entrevista foi mal conduzida do ponto de vista factual, notando-se, em demasia, o desconhecimento da realidade política regional.
Aliás, este é um problema recorrente da comunicação social continental que, ou omite factos importantes da actualidade regional, ou – demasiadas vezes – a trata com erros factuais importantes.
Sinteticamente referenciamos, nesta entrevista, os seguintes erros factuais:
A insistência da jornalista – referiu o facto 4 vezes – em referenciar a actual candidatura de Carlos César como sendo a terceira. O próprio Carlos César sentiu-se, após uns minutos de omissão, impelido a rectificar esta afirmação. Mesmo após esta correcção, a jornalista continuou a insistir nos três mandatos que tinha, previamente, interiorizado. O facto não é, em si, muito grave, mas tirou-lhe a oportunidade de referenciar que esta é a segunda reincidência de Carlos César no incumprimento da promessa de abandono do poder regional. Este desconhecimento também não lhe permitiu contrapor à afirmação de Carlos César de que tinha proposto – no âmbito da revisão do estatuto – a limitação de mandatos do Presidente do Governo Regional a um máximo de três, o facto de ter criado uma cláusula de excepção que lhe permite candidatar-se ao quarto. O limite dos três mandatos fica para quem vier a seguir.
A insistência da jornalista em falar de um “Governo do Continente”, facto igualmente grave, na medida que pode evidenciar o desconhecimento de que o Governo da República não exerce, também aqui, as suas funções constitucionais. Menos graves, mas também patentes, estiveram limitações de informação em relação à diferenciação estatutária entre a Madeira e os Açores, ao défice da área da saúde na Região (impunha-se contrapor a Carlos César, a respeito da sua aparente indiferença pelas despesas no sector, perguntar como pensa ele resolver o galopante desequilíbrio introduzido no orçamento da Região pela área da saúde), da maternidade do Pico, que Carlos César omitiu, etc.
Na nossa perspectiva, estes, e muitos outros factos, prejudicaram factualmente a entrevista e permitiram a Carlos César fazer um autêntico passeio. Não nos cabe a nós efectuar a entrevista, como é evidente, mas a análise que fazemos é que a mesma se tornou muito fácil e superficial devido ao desconhecimento da realidade regional patenteado por quem tinha a função de questionar.
Em relação ao resto, viu-se um Carlos César tão descontraído e à vontade que se permitiu dar, de si próprio, a imagem de um estadista tutelar dos novos socialistas da República, algo distantes, segundo o próprio, dos tradicionais valores socialistas, nomeadamente nas questões sociais, com destaque para a área da saúde.
Na questão do transporte dos suspeitos de integrar a rede terrorista da Al Qaeda para Guantánamo – com escala nas Lajes – Carlos César considerou que a mesma era previsível e que, a confirmar-se, se trata de algo lamentável.
Este reconhecimento de Carlos César motiva que lhe coloquemos as seguintes questões:
Se a utilização da base das Lajes era previsível como escala, por que razão não tomou qualquer atitude política ou institucional para a impedir?
Se considera inaceitável esta situação, por que razão não se conhece qualquer iniciativa do Governo Regional tendente a obter o esclarecimento dos factos que são imputados ao Governo da República, uma vez que os mesmos foram, eventualmente, perpetrados em território açoriano?
Quer-nos parecer que Carlos César se quer acomodar, neste assunto, na tranquila posição da retórica inerte, mas não deixarei de lhe imputar responsabilidades políticas e éticas, por omissão ostensiva, se todos estes factos se vierem a confirmar.
Aliás, este é um problema recorrente da comunicação social continental que, ou omite factos importantes da actualidade regional, ou – demasiadas vezes – a trata com erros factuais importantes.
Sinteticamente referenciamos, nesta entrevista, os seguintes erros factuais:
A insistência da jornalista – referiu o facto 4 vezes – em referenciar a actual candidatura de Carlos César como sendo a terceira. O próprio Carlos César sentiu-se, após uns minutos de omissão, impelido a rectificar esta afirmação. Mesmo após esta correcção, a jornalista continuou a insistir nos três mandatos que tinha, previamente, interiorizado. O facto não é, em si, muito grave, mas tirou-lhe a oportunidade de referenciar que esta é a segunda reincidência de Carlos César no incumprimento da promessa de abandono do poder regional. Este desconhecimento também não lhe permitiu contrapor à afirmação de Carlos César de que tinha proposto – no âmbito da revisão do estatuto – a limitação de mandatos do Presidente do Governo Regional a um máximo de três, o facto de ter criado uma cláusula de excepção que lhe permite candidatar-se ao quarto. O limite dos três mandatos fica para quem vier a seguir.
A insistência da jornalista em falar de um “Governo do Continente”, facto igualmente grave, na medida que pode evidenciar o desconhecimento de que o Governo da República não exerce, também aqui, as suas funções constitucionais. Menos graves, mas também patentes, estiveram limitações de informação em relação à diferenciação estatutária entre a Madeira e os Açores, ao défice da área da saúde na Região (impunha-se contrapor a Carlos César, a respeito da sua aparente indiferença pelas despesas no sector, perguntar como pensa ele resolver o galopante desequilíbrio introduzido no orçamento da Região pela área da saúde), da maternidade do Pico, que Carlos César omitiu, etc.
Na nossa perspectiva, estes, e muitos outros factos, prejudicaram factualmente a entrevista e permitiram a Carlos César fazer um autêntico passeio. Não nos cabe a nós efectuar a entrevista, como é evidente, mas a análise que fazemos é que a mesma se tornou muito fácil e superficial devido ao desconhecimento da realidade regional patenteado por quem tinha a função de questionar.
Em relação ao resto, viu-se um Carlos César tão descontraído e à vontade que se permitiu dar, de si próprio, a imagem de um estadista tutelar dos novos socialistas da República, algo distantes, segundo o próprio, dos tradicionais valores socialistas, nomeadamente nas questões sociais, com destaque para a área da saúde.
Na questão do transporte dos suspeitos de integrar a rede terrorista da Al Qaeda para Guantánamo – com escala nas Lajes – Carlos César considerou que a mesma era previsível e que, a confirmar-se, se trata de algo lamentável.
Este reconhecimento de Carlos César motiva que lhe coloquemos as seguintes questões:
Se a utilização da base das Lajes era previsível como escala, por que razão não tomou qualquer atitude política ou institucional para a impedir?
Se considera inaceitável esta situação, por que razão não se conhece qualquer iniciativa do Governo Regional tendente a obter o esclarecimento dos factos que são imputados ao Governo da República, uma vez que os mesmos foram, eventualmente, perpetrados em território açoriano?
Quer-nos parecer que Carlos César se quer acomodar, neste assunto, na tranquila posição da retórica inerte, mas não deixarei de lhe imputar responsabilidades políticas e éticas, por omissão ostensiva, se todos estes factos se vierem a confirmar.