Um órgão de comunicação social regional perguntou-me, há dois anos, o seguinte:
Porque razão os Açorianos não são mais unidos?
Respondi o seguinte:
Porque razão os Açorianos não são mais unidos?
Respondi o seguinte:
Na medida em que já exerci funções docentes em cinco ilhas, tendo vivido durante alguns anos em cada uma delas, posso afirmar que o povo açoriano possui características culturais e sociais que lhe fornecem uma grande homogeneidade, apesar da extraordinária dispersão geográfica e da unidade política e administrativa ser tão recente. Existem, no entanto, alguns factores que, na minha opinião, impedem que essa união possa ser ainda mais forte. Passo a enumerá-los:
1) A ausência de um projecto político que assuma como prioridade política a construção dos Açores como um espaço cultural e social realmente diferenciado do espaço Continental, vertebrado por um conjunto de características que o unificam nas vertentes cultural, política, religiosa e social (ao nível dos costumes, valores predominantes, interacção social, etc.);
2) A institucionalização de um sistema político demasiado fragmentado na vertente de ilha – decorrente do sistema eleitoral vigente – facto que pulverizou o discurso político em lógicas locais (um extraordinário caldo de cultura para o incremento de um certo bairrismo de raiz claramente populista);
3) A estagnação das ligações aéreas e marítimas de passageiros. Demasiado caras no primeiro caso e quase completamente inexistentes – à escala regional – no segundo caso. Tudo isto faz com que apenas uma reduzidíssima elite conheça, de facto, todo o espaço regional ou se movimente nele com frequência;
4) A fragilidade dos grupos económicos regionais, facto que impede a criação de projectos económicos privados com uma escala e uma mobilidade, de meios e pessoas, verdadeiramente regional.