quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Para os Fascistas


Fiat Lux

Não comento, habitualmente, blogues de anónimos. O seu é uma excepção porque considero que, embora não o conheça, já deu provas de que é uma pessoa bem-intencionada e equilibrada na sua intervenção cívica.

No entanto, não posso deixar de condenar a sua atitude de dar guarida a comentários anónimos de carácter xenófobo, que apelam explicitamente à violência, como esta passagem: “Eu pensava que esta raça de gente, tinha sido corrida à bomba e à batatada há uns anos.”

Vivo, há 15 anos, nos Açores. Comecei a exercer funções docentes na Região Autónoma e escolhi viver e educar os meus filhos nos Açores (o mais novo nasceu aqui). Não se trata de oportunismo, trata-se de uma opção de vida. O maior orgulho da minha vida é ser deputado açoriano e pauto a minha conduta pela defesa dos interesses dos Açores e da ilha pela qual fui eleito.

Será que por não ter nascido nos Açores estou diminuído dos meus direitos cívicos? Acha aceitável que se publiquem comentários a ameaçar, por analogia, com batatada a minha mulher ou a generalidade das pessoas que aqui não nasceram? Acha que o Povo Açoriano se revê neste tipo de atitudes? Acha aceitável dar guarida a cobardes que só se atrevem a fazer este tipo de comentários no heroísmo do anonimato?

Não tenho medo de ameaças, nem de perseguições políticas, nem de fascistas que perseguem os outros em razão do seu local de nascimento, da sua etnia, das suas ideias políticas, condição social ou religião. Só peço é que tenham ao menos a dignidade de deixar as ameaças de batatada e bombas só para mim e deixem a minha família em paz. Estou sempre por aí, nos nossos Açores. Sabem onde me encontrar, não ando com guarda-costas e podem ter a certeza que não fujo.

Paulo Estêvão