quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Regresso da Política

Nunca tenho pressa em fazer a análise dos resultados eleitorais. Muitos agarram-se a modelos estatísticos infalíveis (que só o são após o fim do jogo), enquanto outros olham espantados e algo envergonhados para a dimensão do erro do seu prognóstico.

Eu, como todos os outros, também falhei algo nas minhas previsões. Fui surpreendido pela enorme capacidade de resistência do PSD. No final, a nau laranja resistiu bem ao comando de um timoneiro náufrago de tantas derrotas.

Confesso, também, que o edifício político do cesarismo socialista me pareceu mais sólido e imponente. Afinal, estas eleições revelaram que o regime já está em decomposição.

O Carlos César, como sempre, não se deixou surpreender. Os astronómicos quase 2 milhões de euros investidos pelo PS na campanha tinham, afinal, muita lógica. Destinavam-se a segurar uma maioria absoluta que não era assim “tão absolutíssima”.

Quanto ao resto, sem novidades de maior. A CDU, o BE, o PPM e o CDS também estarão no Parlamento. Neste âmbito, apenas duas notas. Como bem demonstrou o Renato Moura, este CDS-PP teve muito menos votos que o de 2000 (as fragilidades em São Miguel e na Terceira são evidentes). No entanto, ao contrário de 2000, a roda da fortuna foi-lhe, desta vez, muito favorável nas Flores e em São Jorge.

Em relação ao PPM, sucedeu o previsível. Ganhámos onde tínhamos e podíamos ganhar. A concorrência muito forte do CDS – com um bom candidato – fez-nos alterar todos os planos da campanha regional.

Entrincheiramo-nos no Corvo – não fiz uma única intervenção fora da ilha, centrei as intervenções em temáticas quase exclusivamente locais e abdiquei da presença no debate televisivo – e abandonámos qualquer veleidade de fazer uma campanha de âmbito regional.

O resultado colateral desta estratégia foi a grande “tareia” que recebemos em quase toda a Região. Ganhámos o essencial, mas eu sei que os nossos adversários políticos não deixarão de fazer notar a “escassez” de votos que eu represento na Assembleia Regional.
Temos grande urgência em crescer. Teremos, em 2009, três novas oportunidades.

sábado, 11 de outubro de 2008

Os Bisavôs dos Candidatos

O facto do Gonçalo da Câmara Pereira reivindicar a sua ascendência açoriana tem sido muito glosado. Não existe entrevista em que esta questão não me seja colocada.

De facto, não vejo razão para tanto alarido. A família do Gonçalo foi, sem qualquer espécie de dúvidas, uma das primeiras a chegar, ainda no século XV, a São Miguel.

Nas reuniões do Directório Nacional do Partido, o Gonçalo da Câmara Pereira descreveu-me, várias vezes, a história familiar que o liga aos Açores, nomeadamente aos Condes da Ribeira Grande, de que é descendente.

O Gonçalo da Câmara Pereira sempre foi um aliado dos interesses do PPM-Açores. Aliás, é dele a proposta - aceite pelo Partido - dos militantes açorianos poderem votar através do sistema de teleconferência nos Congressos do Partido Popular Monárquico, caso não lhes seja possível deslocaram-se à sede do Congresso Nacional.

Sendo um fundador do Partido (1975), um Vice-Presidente do Directório Nacional, um descendente de ilustres micaelenses – a pertença à diáspora não pode estar dependente do arbítrio subjectivo dos velhos e exclusivos purificadores da raça – e um comprovado amigo dos Açores, decidi convidá-lo para o enorme desafio de ser candidato no principal círculo eleitoral da Região.

Não tínhamos ninguém em São Miguel, com carisma ou visibilidade mediática, para rentabilizar, para o partido, a melhor conjuntura eleitoral de sempre.

Assumo, totalmente, a responsabilidade desta decisão. Tenho a certeza que, no dia 19 de Outubro, poderei glosar certas afirmações de algumas carpideiras da nossa blogosfera.

O que fica mal aos outros fica muito bem ao nosso grande líder. Ficámos a saber que o Carlos César tem um bisavô em quase todas as ilhas dos Açores. Afinal, parece que os republicanos, socialistas e laicos também têm “bisavôs”.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Humor


Encontrei, na caixa de comentários do Fôguetabrase, esta preciosidade do internauta Venceslau: “Parece que a SATA não foi muito nas ameaças do candidato ruim como as cobras. Agora quero ver quem vai dar gritos de macaco".

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Diário de Campanha do Fiat Lux


O Fiat Lux está a realizar uma classificação muito particular da campanha eleitoral. Está no seu pleno direito!

Quero, apenas, chamar a atenção para o facto do Fiat Lux correr o risco de entusiasmar demasiado o Manuel Moniz (criador do seguinte slogan de campanha: “eu sou ruim como as cobras; eles se me apanham lá dentro vão dar gritos de macaco”).

O êxito destes números de campanha pode levar o Manuel Moniz a criar o kit Tarzan: tanga, liana, Jane, chita e grito tipo Tarzan.

Por outro lado, confesso que não sei o que é pior. Ser considerado a nódoa do jornal de campanha ou ser, pura e simplesmente, apagado da fotografia. O que disse foi muito irrelevante e chato, mas está aqui.

domingo, 5 de outubro de 2008

A Xenofobia e o Populismo nos Açores

Regressou a pior das reincarnações do Paulo Portas. Descredibilizado politicamente e fragilizado por sondagens que ameaçam o CDS/PP de resvalar para a insignificância, o Paulo Portas voltou-se para o discurso certeiro da extrema-direita em tempos de crise.

Trata-se de aproveitar os piores instintos da populaça para lhes instigar o ódio ao estrangeiro e aos miseráveis que “sobrevivem graças aos impostos que paga a classe trabalhadora”.

Infelizmente a ignorância, o preconceito, a inveja, a desumanidade e a imbecilidade continuam a subsistir em amplos sectores populacionais deste país, assegurando assim uma audiência suficientemente vasta para discursos deste tipo.

A pré-campanha de Paulo Portas nos Açores não foi mais que uma vergonhosa sucessão de tiradas populistas sobre o rendimento de inserção social e os empregos que os estrangeiros supostamente nos tiram.

A primeira semana de campanha do CDS/PP ficará a cargo do Paulo Portas. Espera-se nova onda de encenadas manifestações contra a praga dos parasitas que vegetam ao abrigo do rendimento de inserção social e os estrangeiros.

Não vai ser bonito. Aconselho, vivamente, a utilização de um kit de urgência para socorrer a náusea, o asco e o nojo.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Mentira

No site do PS é possível ler, a propósito da visita do Carlos César à ilha do Corvo, o seguinte: “dirigindo-se a cerca de oitenta pessoas da mais pequena ilha do arquipélago, o presidente do Partido Socialista nos Açores chamou, por outro lado, a atenção para a necessidade de confirmar, nas urnas, o desejo de ver continuar o processo de desenvolvimento da ilha e da Região.”

A verdade é que só estavam cerca de trinta corvinos no comício. A própria RTP-Açores referiu a presença de apenas meia centena de pessoas. Se retirarmos os membros da comitiva do PS, chegaremos ao número que acima referi.

Ou seja, a visita do Carlos César e companhia ao Corvo foi um notório fracasso. O gabinete da mentira e da propaganda do PS inventou os tais 80 comensais. Não é um número ao acaso. Tendo em conta a presença de 4 candidatos efectivos nestas eleições, oitenta votos é o número mágico que garante a eleição no Corvo.

Realmente, o PS tem uma máquina de propaganda que não deixa nada ao acaso. Resta apenas a liberdade do pequeno e decisivo momento em que as pessoas podem votar na solidão protegida da urna de voto. Valha-nos isso!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Entrevista da Deolinda Estêvão

Qual a mais-valia que a eleição de um deputado do PPM/Açores pelo círculo eleitoral da Terceira pode proporcionar à ilha?

O PPM-A é uma força política de direita independente, imune a qualquer pressão política ou conjunto de interesses. Ao contrário, o CDS-PP, que ocupa a mesma área ideológica que nós, encontra-se hoje vergonhosamente tutelado pelo PS, algo que seria impensável no tempo do Dr. Alvarino Pinheiro.

Dentro desta área ideológica somos os únicos que podemos aspirar ser uma voz verdadeiramente independente para a Terceira. O PSD e o PS são, por sua vez, estruturas políticas com uma ambição marcadamente regional. Esse facto impede-os de se blindarem na defesa dos interesses da ilha, uma vez que não querem por em causa ou enfrentar o descontentamento de outros círculos eleitorais com um peso ainda mais decisivo na definição do poder regional.

Veja-se a actuação do PSD no âmbito do esvaziamento político e administrativo de que a ilha foi alvo nos últimos anos. Só para terceirense ver, os responsáveis locais do PSD esgrimiram este descontentamento, no entanto o líder regional do PSD nunca se referiu a esta questão porque lhe é impossível manter, em simultâneo, o papel de político preocupado com a desvalorização da Terceira e de líder regional que possa ousar criticar a progressiva centralização do poder em São Miguel.


Um deputado do PPM pela Terceira não estaria nem tutelado pelo PS, nem condicionado pelos interesses mais abrangentes dos dois grandes partidos regionais. Nesse sentido, representaria uma voz genuína na defesa dos interesses da ilha como o conseguiu ser, de certa forma, o CDS-PP durante a liderança do Dr. Alvarino Pinheiro.



Não habitando na ilha, julga que poderá ser uma defensora efectiva dos interesses da Terceira?

Sim! Conheço muito bem a Terceira, uma ilha cuja população adoro pela sua simpatia e pelo seu saber viver.

Seja como for, não tenho dúvidas que posso vir a ser uma boa defensora da Terceira. Servir os interesses da Terceira é defender o interesse dos Açores, na perspectiva do equilíbrio institucional, demográfico e económico que deve prevalecer na Região. Sem uma Terceira forte e dinâmica não existe qualquer contraponto possível ao actual processo centralizador que se vive na Região.

Ora os deputados do PSD e do PS não podem desempenhar esse papel com sucesso, uma vez que as suas iniciativas em defesa da ilha chocam com os poderosos interesses regionais de ambos os partidos. A Terceira é, assim, sempre preterida no xadrez político regional. Só assim se entende este processo de esvaziamento institucional e económico que a ilha tem conhecido nos últimos anos, enquanto ambas as lideranças regionais assobiam para o lado e deixam, sem qualquer efeito prático, os políticos locais ensaiar uma indignação que soa a hipocrisia.

Qual o motivo de não ter sido possível apresentar uma cabeça-de-lista morador na ilha?

Faço parte do Directório Regional do Partido, do Conselho Nacional do Partido e desempenho, desde 2005, tarefas autárquicas. Neste âmbito participei na definição da estratégia do partido para estas regionais.

A nossa estratégia assentou na utilização dos mais qualificados dirigentes regionais do PPM, sem recorrer a independentes. Privilegiámos a coesão da acção política e da concepção programática em detrimento de listas mais difusas, assentes em critérios de simples territorialidade.
Nesse sentido, o partido convidou-me, juntamente com o Paulo Estêvão e o Gonçalo da Câmara Pereira, a protagonizar uma das mais importantes candidaturas do partido nestas regionais.

Estou certa que as pessoas privilegiarão o mérito e a capacidade de trabalho em detrimento de ultrapassados critérios de bairro. Poucos são os que conseguem ser profetas na sua terra e, olhando para o desempenho da maioria dos deputados eleitos na Terceira, eu até fico com dúvidas se eles são realmente deste planeta, tal o grau de alheamento que demonstraram em relação aos problemas da sociedade terceirense.

Quais as principais dificuldades que identifica em termos de desenvolvimento da ilha Terceira?

A Terceira está a passar pela maior crise de identidade e de afirmação, política e económica, da sua história. Nunca, como agora, o seu papel político foi tão insignificante no conjunto açoriano.

Nada se decide verdadeiramente na Terceira e até o seu papel institucional recuou para níveis de irrelevância nunca vistos (o Representante da República é hoje uma figura meramente protocolar e o Vice-Presidente do Governo Regional alimenta ambições regionais que o fazem esquecer a sua terra).

Na área económica o investimento está mumificado e os grupos económicos terceirenses perderam escala e massa crítica. Deixaram de ter capacidade de projecção no exterior, sendo que, mesmo na ilha, se faz notar uma acentuada decadência dos mesmos.

A tudo isto temos de juntar a evidente degradação da qualidade da classe política local que não tem qualidade política ou técnica. Nesse sentido, veja-se o recente caso da Câmara de Angra do Heroísmo, cujas últimas peripécias e deserções – nomeadamente a forma como foi descartada pelo anterior presidente - a remeteram para um inaceitável ridículo tendo em conta a sua gloriosa história.

Para tornar tudo ainda mais deprimente, só nos faltava que o desleixo de sucessivas administrações municipais se reflectisse no abastecimento de água, uma regressão civilizacional inconcebível. A minha solução é que se enterrem politicamente os coveiros da Terceira que não são outros que a quase totalidade da classe política terceirense dos últimos dez anos,

Considera que a Terceira tem sido “maltratada” pelo poder político, sobretudo comparando com o nível de investimento realizado em São Miguel?

Penso que sobre isso não existem nenhum tipo de dúvidas. O poder institucional, político e económico terceirense foi, em grande parte, desmantelado nos últimos anos.

Um dia a história julgará os políticos que não souberam ou não quiseram resistir à imensa força centralizadora do cesarismo açoriano. A maior parte destes pequenos políticos só se preocupou em salvar a sua própria posição.

O povo também não está totalmente isento desta situação. Cederam aos encantos do espectáculo de pão e circo com que o cesarismo socialista os aliciou. O resultado está à vista. Em breve o regime não terá pão para distribuir, sendo certo que terá sempre circo.

Um bom resultado para o PPM/A, nas próximas eleições regionais, passa obrigatoriamente pela eleição de deputado(s)?

Sim! Nesta fase do projecto político do PPM-Açores, a ambição é eleger pelo menos um deputado. Se esse objectivo não for alcançado, o partido considerará esse facto uma grave derrota politica. Na Terceira esperamos ter o apoio do imenso voto monárquico desta ilha. Merecemos esses votos! Lutámos pela liberdade, como nenhum outro partido. Arriscamos o nosso bem-estar, e o das nossas famílias, em defesa da democracia açoriana. Conceptualizámos o melhor programa eleitoral para os Açores. Sim! Merecemos ter uma boa votação.

O novo círculo regional da compensação poderá na realidade beneficiar os partidos mais pequenos?

Beneficia, em primeiro lugar, a força política dominante. O novo sistema torna matematicamente impossível o partido mais votado não ter mais deputados (algo que sucedeu em 2000, precisamente devido à não eleição do candidato socialista no Corvo).

Por outro lado, as ilhas de menor dimensão perderão, assim, grande parte da sua importância política. O sistema permite, aos grandes partidos, recuperar, no círculo de compensação e de forma automática, qualquer mandato perdido nas ilhas mais pequenas.

De forma marginal, o novo sistema eleitoral poderá beneficiar uma ou outra força política de menor dimensão. Esse facto constitui o efeito colateral - certamente não desejado pelo PS – duma lei feita à medida e visando a perpetuação no poder dos socialistas.
(A União)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A minha Entrevista na RTP-Açores

Quem quiser poderá consultar aqui a entrevista que tive a oportunidade de conceder, no dia 24 de Setembro, à RTP-Açores. Aproveito esta oportunidade para anunciar que o programa eleitoral do PPM-A será colocado na página do partido no dia 4 de Outubro.