domingo, 9 de maio de 2010

Campeão


sábado, 8 de maio de 2010

Comemoração Republicana


"Os partidos políticos representados na Assembleia Legislativa dos Açores não conseguiram chegar a um acordo quanto às personalidades que serão condecoradas nas comemorações do Dia da Região, que se assinala esta ano a 24 de Maio, no Corvo.

A lista com o nome de 31 personalidades e instituições, que deverá ser aprovada pela maioria socialista na sessão plenária que começa a 18 de Maio, não reuniu o consenso de todos os partidos, segundo apurou ontem a Lusa junto de fontes partidárias.

O PSD manifestou o seu descontentamento por o PS ter avançado com uma proposta sem que tivesse sido obtido um acordo, enquanto o PPM se pronunciou contra a proposta por ela contemplar Manuel de Arriaga e Teófilo Braga, os açorianos que foram os dois primeiros presidentes da República Portuguesa.

António Marinho, líder parlamentar do PSD/Açores, criticou a "postura" dos socialistas, que acusou de não terem procurado o consenso ao "apresentar uma proposta como facto consumado".

Por seu lado, o PPM entende que "não existe nada para comemorar em relação à implantação da I República", considerando os monárquicos que ela resultou "do derrube de forma violenta de um regime político que era certamente um dos mais democráticos da Europa na época".

A lista das condecorações proposta pela maioria dos deputados inclui a atribuição da Insígnia Autonómica de Valor, a mais importante da região, ao faialense Manuel de Arriaga e ao micaelense Teófilo Braga.

A Insígnia de Reconhecimento deverá ser atribuída, entre outras personalidades, ao ex-deputado socialista Cunha de Oliveira, ao militar de Abril Ernesto Melo Antunes e aos antigos membros do governo regional Carlos Corvelo e Raul Gomes dos Santos.

O jornalista Gustavo Moura, os escritores Daniel de Sá, Álamo Oliveira e Eduíno de Jesus, o dramaturgo Norberto Ávila, o pintor Nuno da Câmara Pereira e o ex-autarca Rui Meireles são outros nomes que deverão receber esta distinção.

Por seu lado, a atribuição da Insígnia de Mérito Profissional deverá ser entregue, a título póstumo, aos médicos Estrela Rego, Homem de Gouveia e a George do Nascimento.

Entre as personalidades que deverão ser condecorados encontram-se também o advogado Carlos Melo Bento, o dirigente comunista José Decq Mota, o jornalista Ruben Rodrigues e o Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, Francisco da Silva Ferreira.

A cerimónia oficial do Dia dos Açores vai ser realizada este ano no Corvo, a mais pequena ilha do arquipélago e a única que ainda acolheu estas comemorações.

O Dia dos Açores, que se destina a comemorar a açorianidade e a autonomia, foi instituído pelo parlamento regional em 1980, tendo sido já comemorado em oito ilhas do arquipélago e junto de comunidades emigrantes, como Fall River (EUA) ou Toronto (Canadá)."
A União, 8 de Maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Fim de uma Época

Não sei precisar bem quando é que os Açores deixaram de ser uma democracia, mas arrisco afirmar que aí entre finais de 1996 e meados de 1997 o partido socialista se transformou no que é hoje: um partido refém do poder e prostrado ao culto monoteísta de um homem.

Penso também que, para aí no final do ano 1996, os socialistas desistiram de tentar governar – no sentido estrito do conceito - os Açores. Entretanto perderam-se 14 anos da nossa vida colectiva neste letargo socialista. Um dia isto terminará porque, na pior das hipóteses, o Carlos César deverá querer gozar umas merecidas feriazinhas para quebrar a rotina de mais de trinta anos no Parlamento Regional.

Penso que o homem deve olhar para as bancadas do Parlamento e perguntar-se o que está ali a fazer. Não resta ninguém da sua geração parlamentar, nem da seguinte, nem ninguém a seguir à da seguinte. Já enterrou todos os seus adversários políticos e reformou compulsivamente os velhos e as almas mais independentes do PS. A actual bancada socialista assemelha-se a um bando de caloiros que o Presidente do Governo Regional chefia e praxa a seu bel-prazer.

É certo que bate aos pontos qualquer adversário parlamentar que lhe surja pela frente – continua a ser um brilhante orador – mas a mim fica-me sempre a sensação que ele já não tira verdadeiro gozo dos despiques e das vitórias retóricas. Ele sabe que o seu tempo já passou e que é uma espécie de dinossauro fora do Parque Jurássico. Acho até que se terá sentido como um peixe na água na recente reunião do Conselho de Estado.

Devíamos pensar em criar uma espécie de Conselho da Autonomia nos Açores. A ideia é dar uma reforma digna aos nossos maiores. Talvez se evitassem assim as caminhadas erráticas e intermináveis das almas de outros tempos.

De qualquer forma, ganhava-se sempre uma boa aula de História. O meu filho mais novo perguntou-me, ao ver as imagens da última reunião do Conselho de Estado, quem foi o General Eanes. Eu disse-lhe que foi um militar numa guerra perdida, o verdugo de uma revolução derrotada, o Presidente do país na época das calças em boca-de-sino, o líder de um partido trucidado e que o Carlos César era o que estava ao lado.