sábado, 2 de agosto de 2008

De Cócoras

Com meia nação faminta e a outra metade a passar férias no terraço, o Presidente da República achou que a coisa mais útil que podia fazer pelo país era dizer-lhe o quanto achava perigoso e transcendente ter de fazer 5 ou 6 audiências, em vez das duas ou três que faz actualmente, no âmbito dos assuntos açorianos.

Que saudades do Sampaio! Com ele, duas ou três rondas de dezenas de audiências – ao longo de alguns meses – nunca representariam nenhum problema (nem nenhuma solução, mas isso é outra questão).

Cerca de uma hora depois da intervenção do Chefe de Estado, o Vasco Cordeiro, em versão samurai, garantia que o PS só modificaria o articulado do estatuto considerado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional.

Para não deixar dúvidas a ninguém da heróica determinação do PS, o Vasquinho fez questão de dizer que falava – e que estava mandatado para esse efeito – em nome dos órgãos nacionais do PS.

Até aqui tudo bem. Reconheci, nesta declaração, o dedo, a mestria tutelar e o espírito rebelde do líder regional açoriano que, recentemente, afirmou que nunca se meteria de joelhos perante o poder nacional.

Eis senão que, passadas apenas algumas horas, o PS nacional disse que, afinal, o melhor era fazer a vontade ao Cavaco. Foi nessa altura que o Vasco e o heróico exército rosa regional se devem ter sentido “entalados”.

Perante a crueza das circunstâncias, o Vasco Cordeiro achou mais avisado despir a indumentária samurai e abandonar aquela ideia do martírio heróico, até porque o PS é um partido laico e republicado, facto que implica que o único paraíso à disposição do militante socialista é a terrenal construção do Sócrates e do César.

Com a honra e a dignidade que lhe possam restar depois deste episódio, o Vasco Cordeiro diz agora que o PS-Açores não criará uma crise nacional devido ao Estatuto.

Quanto ao Carlos César, ninguém o viu. Suspeito – é apenas um palpite – que de pé é que ele não deverá estar.