Temos novela para o Verão. Aos estapafúrdios números de circo que o Costa Neves andava a debitar sobre o Estatuto, juntou-se agora o Presidente da República com uma dramática conferência de imprensa que paralisou o país político.
Tudo isto porque o Cavaco Silva decidiu “arranjar” o seu próprio Kosovo para exercitar o músculo patriótico. Vejam lá que os perigosos independentistas açorianos querem que o Presidente da República os oiça – e aos partidos representados na Assembleia Legislativa Regional – se o mesmo decidir dissolver o Parlamento Regional.
O magistrado supremo da nação não quer, no entanto, ouvir falar nestas minudências. Predispõem-se, somente, a escutar em Lisboa os representantes nacionais dos partidos. Quanto à clientela indígena que lhe querem impingir, remete-os para o meio do Atlântico.
Evidentemente que a autonomia regional dos partidos, que justifica a proibição de partidos especificamente regionais, não passa, segundo a percepção de Cavaco, de uma miragem para aquecer o brio dos nativos.
Ao Chefe de Estado também aborrece ter de vir a ouvir as opiniões dos dirigentes regionais a respeito dessa figura tipicamente colonial que é o Representante da República. Se os Açores são parte integrante do Estado por que razão a República precisa de ter um representante especial numa parcela do próprio Estado?
Para o Presidente da República, a questão vai mesmo mais longe. Não só quer ter o seu procônsul particular, como acha que não lhe deve ser feita a maldade de vir a ter de ouvir os indígenas cá do burgo quando o nomear.
No fundo, esta particular visão cavaquista é a “versão soft” dos loucos do João Jardim (para ser intelectualmente honesto, tenho de confessar que hesitei um pouco nesta linha de argumentação quando me lembrei do tipo do relógio de cozinha que o Monteiro “arranjou” na Madeira, mas a verdade é que este tipo de azares também acontecem em Matosinhos, Gondomar, Penalva do Castelo ou em Felgueiras).
Quanto à revisão do Estatuto, o Presidente acha que o Parlamento da República deve continuar com a tesourinha na mão para que o mesmo não fique “petrificado”.
Por falar em petrificado, não sei bem como se deverá chamar a um Presidente da República que confunde a Assembleia da República com a Assembleia Nacional, o Dia de Portugal com o Dia da Raça e uma Região Autónoma com uma Colónia, mas, para não ser acusado de plágio, opto pela expressão “congelado e fora da validade”.
Tudo isto porque o Cavaco Silva decidiu “arranjar” o seu próprio Kosovo para exercitar o músculo patriótico. Vejam lá que os perigosos independentistas açorianos querem que o Presidente da República os oiça – e aos partidos representados na Assembleia Legislativa Regional – se o mesmo decidir dissolver o Parlamento Regional.
O magistrado supremo da nação não quer, no entanto, ouvir falar nestas minudências. Predispõem-se, somente, a escutar em Lisboa os representantes nacionais dos partidos. Quanto à clientela indígena que lhe querem impingir, remete-os para o meio do Atlântico.
Evidentemente que a autonomia regional dos partidos, que justifica a proibição de partidos especificamente regionais, não passa, segundo a percepção de Cavaco, de uma miragem para aquecer o brio dos nativos.
Ao Chefe de Estado também aborrece ter de vir a ouvir as opiniões dos dirigentes regionais a respeito dessa figura tipicamente colonial que é o Representante da República. Se os Açores são parte integrante do Estado por que razão a República precisa de ter um representante especial numa parcela do próprio Estado?
Para o Presidente da República, a questão vai mesmo mais longe. Não só quer ter o seu procônsul particular, como acha que não lhe deve ser feita a maldade de vir a ter de ouvir os indígenas cá do burgo quando o nomear.
No fundo, esta particular visão cavaquista é a “versão soft” dos loucos do João Jardim (para ser intelectualmente honesto, tenho de confessar que hesitei um pouco nesta linha de argumentação quando me lembrei do tipo do relógio de cozinha que o Monteiro “arranjou” na Madeira, mas a verdade é que este tipo de azares também acontecem em Matosinhos, Gondomar, Penalva do Castelo ou em Felgueiras).
Quanto à revisão do Estatuto, o Presidente acha que o Parlamento da República deve continuar com a tesourinha na mão para que o mesmo não fique “petrificado”.
Por falar em petrificado, não sei bem como se deverá chamar a um Presidente da República que confunde a Assembleia da República com a Assembleia Nacional, o Dia de Portugal com o Dia da Raça e uma Região Autónoma com uma Colónia, mas, para não ser acusado de plágio, opto pela expressão “congelado e fora da validade”.