terça-feira, 16 de setembro de 2008

Liberdade

Não consigo viver sem liberdade. O pior erro que alguém pode cometer em relação a mim é tentar, de alguma forma, coagir-me ou pressionar-me. Nunca faço nada contra a minha consciência ou o meu sentido de justiça.

Podem submeter-me às piores pressões políticas e profissionais, mas nunca aceito um assunto unilateralmente encerrado ou uma decisão arbitrária e injusta. Nunca desisto, nunca abdico e nunca me rendo.

Fui vencido, no círculo do Corvo, nas eleições regionais de 2000 e de 2004. Passados oito anos aqui estou a disputar as eleições novamente. Aqueles que vaticinaram a minha morte política em 1996, em 2000 ou ainda em 2004 enganaram-se redondamente. Partilho, neste âmbito, a opinião de Mário Soares: “só é derrotado aquele que desiste”.

Vem tudo isto a propósito das condições em que disputo estas eleições. O Presidente socialista da Câmara Municipal do Corvo e mais alguns dirigentes locais do PS vaticinaram, em Setembro do ano passado, a minha saída da Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira no final do ano lectivo. Destes factos tenho dezenas de testemunhas, de outra forma não se compreende que ainda não me tenha sido colocado, por estes senhores, um processo por difamação.

A Secretaria Regional de Educação fez, também, a sua parte torpedeando o processo eleitoral relacionado com a eleição do Conselho Executivo e fechando, no capítulo seguinte, um horário que existia desde 1998. Tudo isto à custa da fusão, na área que lecciono, das turmas do 7.º e do 9.º ano.

Ou seja, o Governo Regional cedeu – ou foi o contrário? – às pressões das clientelas locais que não querem ouvir falar de mais um ano a aturar-me na Assembleia Municipal ou no Conselho de Ilha. Não querem que problematize o transporte marítimo e a existência, ou não, das correspondentes coimas.

Não querem que lhes chumbe orçamentos e uma gestão incompetente. Não querem que lhes pergunte nada sobre um lar de idosos inaugurado em 2005, mas ainda sem funcionar.

Não querem que lhes pergunte por que razão existe uma lixeira a céu aberto numa Reserva da Biosfera. Não querem que lhes pergunte por que razão o Parque Natural, criado em 2006, ainda nem sequer tem constituídos os seus órgãos de gestão.

Não querem que lhes pergunte por que razão o sector da saúde na ilha é o desastre que é para todos. Não querem que lhes pergunte por que razão a política e o investimento desportivo e cultural da Câmara e do Governo Regional é, rigorosamente, uma nulidade.

O Presidente do Governo também não quer “padecer”, no Parlamento Regional, quem lhe disse que mentiu, de forma reiterada, aos açorianos na questão das recandidaturas à presidência do Governo Regional. Não quer aturar o único “tipo” que o enfrenta nos conselhos de ilha do Corvo, enquanto todos os outros conselheiros permanecem num respeitoso e reverencial silêncio.

Não quer ouvir no Parlamento quem o acusa, frontalmente, de ter criado um sistema político não democrático nos Açores, assente num poder pessoal desmesurado sobre o PS-Açores e o conjunto da administração regional.

Por tudo isto era importante que eu não estivesse no Corvo no período que antecede as eleições. Mas estou! Embora de licença sem vencimento pedida para “defender a democracia e o pluralismo político nos Açores”, conforme consta no requerimento que, para o efeito, dirigi ao Secretário Regional da Educação e Ciência.

No dia 19 de Outubro saberemos se consegui, ainda assim, vencer todos estes obstáculos e o conjunto de interesses que tentam impedir a minha eleição.

Deixo, no entanto, uma certeza. Se perder continuarei a fazer a oposição política que sempre fiz, com a mesma determinação de sempre. Em 2012 voltarei a ser candidato no Corvo, em nome de um projecto em que acredito.

Nunca me submeterei. Nunca desistirei de fazer e dizer aquilo em que acredito.

Nada me dá mais prazer do que sobreviver aos sucessivos velórios que me arranjam e, ano após ano, dar-lhes luta e vê-los exasperar porque não desisto e não troco a liberdade por nada deste mundo, até mesmo por uma eternidade de que chego a duvidar.

Viva a liberdade!