Votem, mas não votem no Vital Moreira! Foi com esta frase que terminei a minha participação no debate televisivo que a RTP/Açores promoveu no âmbito das eleições europeias. Parti com quatro objectivos cruciais para estas eleições: ajudar a derrotar o Vital Moreira, manter uma posição elegível na ilha do Corvo, marcar a agenda política regional e aumentar a votação do partido na Região.
Considero que, globalmente, atingi os objectivos que me propus. O Vital Moreira foi derrotado nos Açores. Que boa memória e sentido de justiça têm os açorianos! Fui o primeiro político a lançar o ataque serrado ao Vital Moreira e não perdi uma única oportunidade de manter a pressão a este nível. Do ponto de vista meramente táctico, o Vital Moreira era uma espécie de ferida exposta que poderia gangrenar todo o corpo socialista na Região. Os resultados demonstraram a justeza desta apreciação.
Por outro lado, a derrota nas eleições europeias é muito grave para os socialistas. Quem conhece o Presidente do Governo Regional, sabe que esta derrota o deixou num estado de grande crispação (visível na noite eleitoral). Ele sabe que a espectacular vitória do PSD/Açores reforçou a convicção – já generalizada entre a população - que a Berta Cabral será a próxima Presidente do Governo Regional.
Por muito que se tente maquilhar e relativizar os resultados, a verdade é que o Presidente do Governo perdeu as primeiras eleições europeias como líder do PS-Açores e claudicou no primeiro confronto directo com a Berta Cabral.
A segunda consequência que retiro destas eleições é que o PPM se mantém como a maior força da oposição no Corvo. Neste sentido, continuamos com um pé no Parlamento Açoriano. Vejo, no facto da ilha do Corvo se ter transformado numa espécie de último reduto do PS e do PPM, uma fonte inesgotável de argumentos para o futuro.
Por outro lado, continuo a considerar que as três iniciativas que lançámos antes das europeias – a criação da Euro-região da Macaronésia, a participação de selecções desportivas açorianas nas provas desportivas internacionais e a luta pela criação da sede atlântica da Agência Europeia FRONTEX – possuem todas as virtualidades para se manterem na agenda política. Estes projectos – que, não tenho dúvidas, serão concretizados no futuro - constituem um capital político muito relevante para o PPM-Açores.
Por fim, importa referir que não foi possível aumentar, de forma significativa, a projecção regional do partido. Este facto constitui um importante revés, que importa reconhecer. Não podemos aproveitar a dinâmica nacional – que não possuímos –, mas isso não explica tudo. A partir de 2010, o partido vai lançar-se na tarefa de criar estruturas organizadas em todas as freguesias dos Açores. Quero ter esse trabalho concluído até Outubro de 2012.
No entanto, não vou fazer esse esforço antes dos dois próximos actos eleitorais. Ao longo dos 15 anos que levo de actividade dirigente na política regional, aprendi que nenhuma “máquina eleitoral” resiste a uma série de derrotas sucessivas (estas causam desmotivação, diminuição de expectativas, divisionismo e esgotamento financeiro). Considero que os próximos actos eleitorais também nos serão, com excepção do Corvo, extremamente desfavoráveis em toda a Região. A estrutura regional estará pronta em 2012 e terá de ganhar na estreia. São essas as regras do jogo.