domingo, 11 de maio de 2008

Os Frutos da Recandidatura de Carlos César


O actual Presidente do Governo Regional é alguém que faltou à verdade, de forma reiterada, em assuntos de âmbito político. Não cumpriu, em muitos aspectos, o seu programa eleitoral e agarrou-se ao poder quando tinha prometido não o fazer.

Só seria novamente candidato em circunstâncias muito especiais para os Açores, dizia ele depois da reeleição de 2004 (depois de já ter faltado ao seu compromisso de 1996, que consistia em não realizar mais que dois mandatos como Presidente do Governo).

As circunstâncias especiais não surgiram, mas o Presidente do Governo Regional desejava continuar a sê-lo. Para ultrapassar esta burla eleitoral, o Sr. Carlos César encenou um conflito com o Governo da República.

De acordo com o roteiro da encenação, o Governo da República teria de ceder em questões importantes para os Açores para que Carlos César, um político proverbialmente desprendido, voluntarista e generoso, aceitasse o enorme sacrifício de se voltar a candidatar.

Foi um José Sócrates em desespero – não vi, mas contaram-me os cronistas socialistas de serviço – que mendigou a sua continuidade. Não consegui ouvir nada da boca do Primeiro-Ministro, mas lembro-me de ter escutado o Carlos César afirmar que lhe teriam sido garantidos novos meios de coordenação e mando na área da segurança.

A nova lei da Segurança Interna – que não reforça em nada o papel do Governo Regional – é apenas o primeiro sinal do enorme embuste desta encenação. O pior é que - prevejo - as outras patranhas do candidato não tardarão a ser desmascaradas (fiquem atentos ao resultado final da discussão do Estatuto e aos bolsos cheios do candidato).