segunda-feira, 10 de março de 2014

Jornal Açoriano Oriental: Artigo de Opinião - "Monarquia e Europa"

"O PPM integrou, por diversas vezes, o Parlamento. Fez parte de vários governos nacionais. Conquistou várias câmaras municipais por todo o país e tem, atualmente, assento no glorioso Parlamento Açoriano. É verdade que não está, atualmente, no Governo e no Parlamento nacional. Todos sabem, no entanto, aquela máxima que “quem sabe nunca esquece”. Voltará a estar! Este é o meu compromisso: voltar a colocar o PPM nos principais órgãos de decisão política no nosso país! Esse é lugar do PPM por História, vocação e destino! Esse é o nosso lugar enquanto grande Partido nacional!
A verdade é que o PPM é um grande Partido. Representa a única alternativa democrática ao atual regime republicano. É o legítimo herdeiro do constitucionalismo monárquico. A esperança de mudança e alteração de regime em Portugal. Tem essa grande responsabilidade.
Vamos assinalar este ano os 40 anos do novo regime republicano que sucedeu à II República, também designada como Estado Novo ou, mais simplesmente, como ditadura salazarista. A verdade é que esta democracia republicana tem um pequeno problema. Não falo das sucessivas bancarrotas a que conduziu o país. Não falo do regime de compadrio instalado em toda a administração republicana. Também não falo do sofrimento infligido ao Povo Português devido ao mau governo cíclico dos republicanos.
Falo de uma democracia imperfeita e não legitimada. Falo de uma democracia criada exclusivamente para os republicanos. De um regime que não se deixa sufragar. De um regime em que se pode referendar quase tudo, menos o próprio regime. De um “regime democrático” só para alguns: os do regime.
Qual é o medo, meus senhores? Pode referendar-se a monarquia espanhola, se essa for vontade do Parlamento espanhol. Referendou-se a Monarquia na Austrália e também é possível referendar as monarquias do Norte da Europa. Por que razão então a Constituição da República Portuguesa proíbe, expressamente, a realização de um referendo que possa alterar a natureza republicana do Estado? Porquê? Qual é o medo?
Dizem os republicanos que não vale a pena. Que já ganharam antes de contar os votos. Que eles são muitos e nós somos poucos. Que não vale a pena organizar um combate entre o Golias Republicano e o David Monárquico. Mas não ganhou o David ao Golias? Não se transformou o pequeno David no grande Rei David? A história está repleta de surpresas. 
Em democracia ninguém é dono do voto de ninguém. Deixem o Povo votar o vosso regime! Deixem o Povo Português pronunciar-se sobre a natureza do regime Não se façam donos da vontade dos portugueses! O Povo não vos deu esse mandato. 
O Partido Popular Monárquico vai abrir um novo ciclo nesta matéria. Estamos cansados de esperar pela consciência democrática dos republicanos. Ela nunca chegará! Por isso, neste mês de abril, o PPM irá para a rua reivindicar a liberdade de escolher. Exigimos ser ouvidos! Exigimos a liberdade de escolha! Exigimos votar! Exigimos uma democracia sufragada.
Por falar em votar, alguém votou em Portugal o Projeto Europeu que desmantelou o nosso sistema produtivo, fez desaparecer a nossa moeda e nos colocou de joelhos perante os outros países europeus? Alguém votou nisto?
Mais uma vez, alguns – muito poucos – decidiram por todos. Quem os mandatou? Quem lhes deu a autorização para venderem o nosso país aos mercados e à vontade dos governos estrangeiros? Quem? 
Portugal não é hoje um país soberano. O nosso Orçamento é desenhado em Berlim, os nossos impostos calculados em Bruxelas e a nossa reputação nacional é decidida e descrita por agências financeiras ao serviço daqueles que querem “espremer” o nosso Povo até ao limite.
Dizem que produzimos pouco e que nem sequer nos conseguimos alimentar. Então por que razão exigiram e impuseram o desmantelamento da nossa agricultura, das pescas e da nossa indústria? Disseram que era para modernizar e aumentar a produtividade dos nossos setores produtivos e o que temos hoje são terras abandonadas, indústrias arruinadas e o nosso mar tomado de assalto por frotas estrangeiras licenciadas em Bruxelas para pescar no nosso mar.
Qual é a resposta de quem nos conduziu à condição de país servo? Dizem que a resposta é mais Europa. Mais federalismo e mais decisões comunitárias, que o mesmo é dizer mais submissão e menor soberania nacional. O PPM recusa qualquer ideia de Europa que signifique a perda da independência nacional.• 
Paulo Estevão"
In Jornal Açoriano Oriental