quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Censor

Confesso que já andava admirado, tendo em conta os tiques totalitárias deste PS, versão 99,6%, que ainda não tivesse sido enviado um zelota do aparelho, munido da costumeira tesourinha da censura.

A missão foi confiada o autor do blog “Um Blog Tipo Assim,”. A minha primeira reacção foi analisar o perfil do autor do blog. Podia tratar-se de um tipo independente, não politicamente comprometido, merecendo, nesse sentido, uma análise séria.

No entanto, o perfil confirmou que se tratava, de facto, do aguardado “enviado rosa”. Deixo, aqui, um breve resumo do mesmo, para os nossos leitores: André Bradford; Ano do Zodíaco: Cão; Acerca de mim: Benfiquista e militante doente do PS (fiz uma pequena alteraçãozinha, de carácter estético, na medida em que considero que doentes só podem ser os que não são do Benfica).

Acresce, a este curto mas informativo perfil, que André Bradford é o actual representante do Governo Regional na Comissão Bilateral Permanente do Acordo das Lajes.

Dito isto, tendo em conta a absoluta nulidade desta Comissão e do ridículo papel que o nosso representante anda lá a fazer, penso que fica apresentado, com justiça, o personagem.

Então o que diz o André? Diz várias barbaridades e deselegâncias, mas vamos por partes. Diz que o Dr. Estêvão dá muitas conferências de imprensa que são “sobre tudo e sobre nada”.

Vamos aos factos. Desde o início do ano, o PPM-A teve cinco coberturas televisivas. Em alguns telejornais já somei 10 intervenções do PS, entre membros do Partido e do Governo Regional (em acções de pura propaganda, como são as recentes vistas estatutárias).

De que proporcionalidade é que o Dr. André fala? Sonha com mais uma banhada de 99,6%? Se é isso rendo-me à sua visão pluralista da democracia. Se calhar, o melhor é a oposição nem sequer se apresentar às eleições. Assim, evitávamos a maçada de um conjunto de insignificantes aborrecerem o serão televisivo do importantíssimo representante do Governo Regional na Comissão Bilateral Permanente do Acordo das Lajes.

Temos, depois, o conteúdo das intervenções do PPM-A. Falar da criação de uma disciplina de conteúdos regionais, quando a política educativa do PS provoca uma profunda ignorância da história dos Açores, não é importante? Denunciar que o PS quebrou a sua promessa eleitoral de instalar os cabos de fibra óptica, no Grupo Ocidental, é falar sobre nada? Denunciar a ruptura de stocks de produtos essenciais na ilha do Corvo, não é importante? Falar da exclusão da ilha do Corvo de um programa de turismo sénior, cujo conceito nuclear é a integração territorial, não tem relevância? Tudo isto sucede enquanto o deputado corvino do seu partido pouco mais faz, na Assembleia Regional, que tirar o pó e polir o tampo da cadeira da 24.ª fila.

Para o Dr. André Bradford, relevante é o facto de vir dizer na comunicação social que desconhece qualquer proposta americana relativamente à eventual criação de uma área de treino para aviões de caça, quando até as lavadeiras do Nepal já tinham conhecimento desse facto.

Eu, se fosse tratado com este desdém, já me teria, por uma questão de vergonha e honra, demitido, há muito, dessas funções. Não é o caso do Dr. André Bradford, facto que diz muito sobre o carreirismo político que o anima.

No final do texto, este zelota ideológico faz a mais inacreditável e vergonhosa proposta que vi fazer nos últimos anos. Segundo ele, a RTP-A deve ter como função “mitigar a produção noticiosa do Dr. Estêvão com critérios de interesse noticioso”. Quais são esses critérios? Os que impedem a crítica fundamentada ao Governo? Os que o Dr. André Bradford ou o Partido Socialista definirem?

Não se preocupe com o futuro, Dr. André, se o regime cair nos Açores, Havana, Caracas ou Pequim terão, sempre, um lugar especial para si. Lá poderá realizar o seu sonho de chegar a alto-comissário da censura política televisiva. Não dá muito trabalho a calcular a proporcionalidade: Governo 100%, oposição 0%. Um autêntico sonho. Não é Dr. André Bradford?