O seu Governo decidiu criar o programa de turismo sénior 60+ “ Nunca é Tarde para Descobrir os Açores”. Uma parte da oposição atirou-se a si denunciando o carácter eleitoralista da medida e o facto da correspondência remetida para a população, com mais de 60 anos, não fazer referência ao facto de os felizes contemplados não poderem exceder os 1000 indivíduos.
Desta forma, uma parte substancial das pessoas ainda não se apercebeu que esta dádiva não é para todos. Aliás, a carta da Directora Regional da Solidariedade e Segurança Social, a Dr.ª Andreia Martins Cardoso da Costa, não faz nenhuma referência ao processo de selecção que será utilizado. Enfim, pormenores.
Apesar de tudo, nunca critico este género de iniciativas, na medida em que, mesmo tendo em conta estes “pequenos truques”, sempre beneficiarão algumas pessoas.
O que eu não consigo compreender é a exclusão da ilha do Corvo, enquanto possível destino, deste programa. Apesar da contestação que os corvinos já manifestaram em relação a esta discriminação – nomeadamente através da aprovação de uma moção, na Assembleia Municipal local, que a condena – o Governo Regional continua sem explicar os motivos que a fundamentam.
Nessa medida – e para quebrar o gelo provocado pelas minhas recentes críticas à chapelada dos 99,6 % – decidi reflectir, em conjunto consigo, sobre as supostas razões desta discriminação. Eu coloco as questões e o senhor responde, tendo como base as suas afirmações anteriores e a utilização, generosa, do senso comum.
A primeira hipótese, que me passou pela cabeça, relaciona-se com o facto de o senhor não querer correr o risco de ter de visitar o Corvo. Como o senhor fugiu o ano passado e mandou para lá, no âmbito da visita estatutária, o pobre do Sérgio Ávila (com uma mão cheia de nada), pensei nessa possibilidade.
No entanto, vejo – foi o senhor que nos disse – que está com “os bolsos cheios”, pelo que alguma coisa deverá gotear, este ano, para a ilha do Corvo. Além disso, apercebi-me disso agora, tem menos de sessenta anos, embora não pareça porque começou nestas coisas da política muito cedo e, pelos vistos, vontade não lhe falta para continuar por muitos e bons anos.
A segunda hipótese relaciona-se com os conceitos do programa: inclusão territorial, acessibilidade e não discriminação. De facto, acho que o Presidente tem razão no que está a pensar. Para si as únicas ilhas que não se inserem nestes conceitos são a Terceira, São Miguel e … o Corvo.
Isto é tudo uma questão de prestígio, dir-nos-á. Já antevejo a retórica do líder socialista: “Vocês querem jogar no campeonato dos grandes ou baixar ao estatuto de ilha pouco acessível e a precisar de medidas de inclusão territorial?”
A razão diz-me, no entanto, que os nossos empresários precisam de ocupar os quartos da residencial, de vender refeições e de promover e vender os produtos locais.
A lógica diz-me que o Governo, quando critica os empresários locais de falta de iniciativa, não deverá promover iniciativas discriminatórias que assegurem um bom fluxo turístico para todos, menos para o Corvo.
O senso comum diz-me que deveremos ter lugares disponíveis no avião, pois o mesmo, segundo o Governo, “voa às moscas durante a época baixa”. Nessa medida, para termos lugares – digo eu – bastará enxotar as moscas.
A terceira hipótese está ligada à concepção que o Governo possui, no âmbito da estratégia regional para o sector turístico, da ilha do Corvo. Será que existe alguma vontade política de assegurar, desde já, passageiros frequentes para uma determinada empresa que vai começar a transportar passageiros entre as ilhas das Flores e do Corvo?
Eu arrisco essa interpretação. Para o Governo, a ilha do Corvo significa, em termos de planificação da política geral para o turismo regional, um simples apêndice da ilha das Flores.
Um passeio de duas ou três horas, sem dormidas ou refeições, chega para o Corvo. Fica o negócio assegurado para uns e arruína-se os pobres desgraçados que investiram na hotelaria local. Pobres diabos!
Desta forma, uma parte substancial das pessoas ainda não se apercebeu que esta dádiva não é para todos. Aliás, a carta da Directora Regional da Solidariedade e Segurança Social, a Dr.ª Andreia Martins Cardoso da Costa, não faz nenhuma referência ao processo de selecção que será utilizado. Enfim, pormenores.
Apesar de tudo, nunca critico este género de iniciativas, na medida em que, mesmo tendo em conta estes “pequenos truques”, sempre beneficiarão algumas pessoas.
O que eu não consigo compreender é a exclusão da ilha do Corvo, enquanto possível destino, deste programa. Apesar da contestação que os corvinos já manifestaram em relação a esta discriminação – nomeadamente através da aprovação de uma moção, na Assembleia Municipal local, que a condena – o Governo Regional continua sem explicar os motivos que a fundamentam.
Nessa medida – e para quebrar o gelo provocado pelas minhas recentes críticas à chapelada dos 99,6 % – decidi reflectir, em conjunto consigo, sobre as supostas razões desta discriminação. Eu coloco as questões e o senhor responde, tendo como base as suas afirmações anteriores e a utilização, generosa, do senso comum.
A primeira hipótese, que me passou pela cabeça, relaciona-se com o facto de o senhor não querer correr o risco de ter de visitar o Corvo. Como o senhor fugiu o ano passado e mandou para lá, no âmbito da visita estatutária, o pobre do Sérgio Ávila (com uma mão cheia de nada), pensei nessa possibilidade.
No entanto, vejo – foi o senhor que nos disse – que está com “os bolsos cheios”, pelo que alguma coisa deverá gotear, este ano, para a ilha do Corvo. Além disso, apercebi-me disso agora, tem menos de sessenta anos, embora não pareça porque começou nestas coisas da política muito cedo e, pelos vistos, vontade não lhe falta para continuar por muitos e bons anos.
A segunda hipótese relaciona-se com os conceitos do programa: inclusão territorial, acessibilidade e não discriminação. De facto, acho que o Presidente tem razão no que está a pensar. Para si as únicas ilhas que não se inserem nestes conceitos são a Terceira, São Miguel e … o Corvo.
Isto é tudo uma questão de prestígio, dir-nos-á. Já antevejo a retórica do líder socialista: “Vocês querem jogar no campeonato dos grandes ou baixar ao estatuto de ilha pouco acessível e a precisar de medidas de inclusão territorial?”
A razão diz-me, no entanto, que os nossos empresários precisam de ocupar os quartos da residencial, de vender refeições e de promover e vender os produtos locais.
A lógica diz-me que o Governo, quando critica os empresários locais de falta de iniciativa, não deverá promover iniciativas discriminatórias que assegurem um bom fluxo turístico para todos, menos para o Corvo.
O senso comum diz-me que deveremos ter lugares disponíveis no avião, pois o mesmo, segundo o Governo, “voa às moscas durante a época baixa”. Nessa medida, para termos lugares – digo eu – bastará enxotar as moscas.
A terceira hipótese está ligada à concepção que o Governo possui, no âmbito da estratégia regional para o sector turístico, da ilha do Corvo. Será que existe alguma vontade política de assegurar, desde já, passageiros frequentes para uma determinada empresa que vai começar a transportar passageiros entre as ilhas das Flores e do Corvo?
Eu arrisco essa interpretação. Para o Governo, a ilha do Corvo significa, em termos de planificação da política geral para o turismo regional, um simples apêndice da ilha das Flores.
Um passeio de duas ou três horas, sem dormidas ou refeições, chega para o Corvo. Fica o negócio assegurado para uns e arruína-se os pobres desgraçados que investiram na hotelaria local. Pobres diabos!